Quem sou eu

Minha foto
Terapeuta de mim mesmo, um forasteiro, estrangeiro e aventureiro da existência que escolheu alguns caminhos e o veículo certo para percorrer estes caminhos.

sábado, 4 de setembro de 2010

UM CACHORRO CHAMADO HALF




Alguns anos atrás eu escutei falar de um cachorrinho e que mais me chamou atenção, não sei por que foi seu nome, talvez comum, mas para um cachorro não, seu nome é Half ou Ralf, (H)Ralf Luis. Finalmente eu tive o prazer de conhecer este cãozinho, escreverei sobre nosso encontro.

Antes de tocar a campanhia do apartamento, escutei latidos de um cachorro que parecia nervoso, a própria campanhia do apartamento era o latido do cachorro, nem precisava tocar a campanhia, logo em seguida a porta se abriu, dentro do apartamento surgiu um cãozinho simpático que veio correndo para minha direção, parou assim que me viu como se uma parede invisível nos separasse, provavelmente em seu pensamento canino eu fosse uma outra pessoa que o seu farejar lhe pregou uma peça, talvez resíduo de uma saudade que o vinha perturbando por mais de duas semanas.

Ele me olhou e desviou seu olhar, então pensou: "como pude ser enganado pelo faro?", Seria este seu pensamento se pensasse como humano, acho eu.

O latido foi diminuindo e dando espaço a uma curiosidade canina, foi chegando mais perto de mim tentando descobrir um cheiro diferente dos habituais, só que ele foi muito rápido e encostou o focinho em mim, sem premeditar, não sei quem se assustou, eu ou ele. Fizemos amizade logo, parecíamos velhos amigos que iria botar a conversa em dia, mas o diálogo não veio, vieram sim alguns disfarçados olhares, pois eu não falava sua língua e ele não falava a minha, me senti conversando com um russo e ele com dálmata da Noruega.

O papo foi ficando cada vez mais monótono, sem interesse na conversa que se arrastava, ele me deixou e foi ao que interessa, buscar uma outra distração, um pano de chão babado, que por algum momento tinha esquecido, deixando para receber a visita que era eu.

O pano que nem pra chão servia era sua principal distração, ou seja, a única, me contaram depois que aquele pano babado era uma camisa de pijama toda furada, que talvez tenha pertencido a um refugiado de guerra do oriente médio, pude notar, depois de muito esforço e imaginação que pude perceber que os furos não eram de guerra nenhuma, eram os seus dentes caninos, que meu mais novo amiguinho conseguiu furar em seus momentos de diversão.

O nome de nosso herói é Half ou Ralf, depois vim a descobrir que a primeira letra de seu nome é com "H", como em inglês.

Depois que tudo foi esclarecido, principalmente sobre o pano, ele foi brincar com seu pano babado de estimação que outrora era um pijama ou de um refugiado de guerra, ele se foi para um canto reservado do apartamento, na qual ninguém o perturbasse em seu tempo dedicado a sua terapia, uma espécie de meditação espiritual, que só os cães de sua raça conheciam, nos deixando sossegados para conversar, logicamente sobre ele.

Primeiro ele arma o circo, para nós. e depois ficarmos falando sobre a atração principal, Half.

Half em inglês significa metade, ele poderia muito bem ser o cão metade, sua raça favorece, porque parece ser metade de um cachorro, mas de metade ele não tem nada, ele vale por muitos de muitas raças.

Começamos a ver um filme, deixando o Half com seu pano predileto alguns metros de nós, para ele não tinha graça a gente assistir o filme e não falarmos dele ou brincarmos com ele, então veio em nossa direção com a maior tranqüilidade, ficou como se estivesse entendendo o filme, com a maior inocência veio para meu lado e colocou a sua cabeça nos meus pés, repousando como se estivesse muitíssimo cansado.

Meio hora de filme ele subiu um pouco mais, mais meia hora um pouco mais a cima, quando fui ver tinha chegado tão perto que ele se recostou sua cabeça em eu ombro. Pedi com muita delicadeza ao meu anfitrião canino que me desse licença, pois estava muito perto, ele me deixou, mas continuava ao meu lado.

Quase duas horas de filme, o Half quieto, foi quando percebi um movimento e senti alguma coisa se mexendo em meu bolso, pude perceber que o Half mexia em meu bolso, precisamente em um papel que estava em meu bolso, metade na boca do Half, ainda bem não era nada importante somente um papel, o cãozinho foi muito amoroso comigo deixando a metade do papel.

Não deixando mais o Half mexer no meu bolso, ele ficou irritado, queria mais, queria brincar, pois tinha muita energia e queria de toda forma queimar esta energia acumulada, percebi que eu era o alvo, então latiu muitas vezes para mim, chamando a minha atenção, brinquei com ele para não fazer desfeita, pois ele era o anfitrião e eu o seu convidado, não teve remédio brinquei um pouco.

Quando ele se cansou de brincar, estava na hora de ir embora, ele que tudo percebia, correu para a porta, me acompanhou até a portaria. Tenho certeza que eu ganhei um amiguinho e ele pode ter certeza que sou seu amiguinho também.

Um comentário: